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9. Lembranças

Sabia desde o início que não deveria tê-las apagado,

Porque no final do dia, a resposta estava nelas.

 

    Acordo sentindo os braços e pernas doerem enquanto me sento. Então lembro que de tudo o que aconteceu ontem, do pesadelo ao momento em que vi vovó nos pés da cama. Até agora não consigo entender como consegui dormir depois, talvez por ter ficado sussurrando para mim mesma o tempo todo que era uma alucinação e que tinha controle sobre ela. Dormi sem conseguir acreditar muito no mantra que estava recitando com tanta convicção.

     Decido levantar, mas as dores no corpo estão tão intensas que demoro em conseguir chegar à frente do roupeiro. Percebo que não estou com o mesmo pijama úmido da noite passada, mas não consigo me lembrar de tê-lo trocado. Então retiro a blusa com dificuldade e vejo os pequenos cortes por todo o meu corpo. Tiro os olhos assustada do espelho e começo a avaliar meu corpo, vendo que se espalham sem um padrão e com tamanhos e profundidade variados. Levo à mão a boca e reprimo um grito de pavor quando começo a questionar o que realmente aconteceu ontem.

     – Filha? – Mamãe bate na porta, e logo a vejo colocar a cabeça para dentro do quarto. – Meu deus! Pensei que já tivesse saído.

Tentei sorrir, mas ainda estou em estado de choque. Sem saber se a essa distância consegue ver os pequenos cortes espalhados por minha pele.

     – Er... – Começo, mas logo engulo para ver se a garganta desprende. – Dormi mais que a cama para variar.

     Milena me lança um olhar reprovador e tenho a certeza de que não consegue vê-los, não sei se fico aliviada com isso ou ainda mais em pânico.

      – Então está esperando o que para se vestir e descer em menos de três minutos?

     Vejo-a bater à porta atrás de si enquanto posso ouvir seus passos rápidos nos degraus. Sem pensar duas vezes pego a primeira roupa que vejo: visto um Allstar xadrez, uma calça jeans skinny escura, uma camisa leve de manga comprida preta, uma jaqueta jeans de um tom parecido com a calça e um cachecol azul. Logo depois vou para o banheiro escovar os dentes, fazer as necessidades biológicas e tentar esconder os cortes visíveis com a maquiagem.

      Não demorei muito e já estava na cozinha, enfio uma maçã e duas barras de cereais na bolsa, assim poderia ir comendo enquanto pegasse o ônibus para chegar mais rápido. Quando chego à porta vejo um bilhete de mamãe pedindo desculpas por não poder ter ficado já que está igualmente atrasada.

      Saio e corro até a parada do ônibus. Por sorte ele não demorou muito para chegar e também não estava cheio, somente com algumas pessoas espalhadas de ambos os lados das fileiras de bancos. Conto onze enquanto ando até o fundo e me sento de frente para o longo corredor, fico olhando as janelas e pego minha primeira barra de cereal, a devoro como se estivesse há dois dias sem comer.

     Sem querer começo a pensar sobre o sonho que tive com vovó na noite passada. Pensando sobre o que ela me pediu, para confiar em meus instintos, mas como irei fazer isso se nem sei o que são? E tomar cuidado aonde quer que fosse. O que será que queria dizer com isso? Mas o que mais me deixa desconfiada é o fato dela ter pedido para me lembrar das coisas que me ensinou, mas não posso fazer isso se não me lembro do que eram.

      Sinto uma enorme vontade de visitá-la no cemitério, mas sei que só poderei fazer isso no sábado e pensar que prometi que a visitaria mais vezes. Então percebo que o ônibus está em um pequeno túnel e há uma pequena queda de luz. Pisco os olhos rapidamente e quando os abro vejo que o ônibus está lotado, com pessoas apertadas e disputando lugares em pé. Percebo aos poucos minha mancha de nascença gelar até que a sensação lembra um cubo de gelo sobre a pele.

      Tento entender o que está acontecendo, mas quando a informações estão sendo aceitas pelo cérebro as luzes piscam mais uma vez e todos somem diante de meus olhos. Assustada olho para os lados tentando entender se é mais uma alucinação, e com isso direciono o rosto para as pessoas que estão sentadas à frente e logo entendo que ninguém viu nada.

      Atônita, tento prestar atenção se o ônibus já está saindo do túnel, mas quando vejo as luzes piscam novamente e as pessoas estão me olhando com raiva, como se fossem me atacar. Então começam a se aproximar aos poucos querendo me encurralar em um canto. Com a adrenalina fervilhando nas veias corro para o canto direito e pressiono o corpo contra o vidro frágil. Meu rosto cola de tal modo contra ele que a única coisa que distingo é uma mancha nublada misturada com minha respiração.

      Olho assustada para quem está mais perto de mim, uma loira de pele muito branca quase albina me encara com fúria, seus olhos são tão negros e marcantes que dão a leve impressão de ser tão denso quanto petróleo. Já ao seu lado está um homem de cor, mas sua pele morena está esbranquiçada. Tem os cabelos enroscados e brancos com algumas partes escuras e me olha da mesma forma assassina.

     Quando estou prestes a soltar um grito agoniado por causa da forma como eles me bloqueiam o ar, percebo que as luzes não piscam, mas o que os fez desaparecer foi à claridade do sol que surgiu quando o ônibus saiu do túnel.

    O que vi foi tão assustador que prossigo imóvel e com a respiração ofegante, tentando relembrar o que exatamente aconteceu. A luz que apareceu foi tão intensa que fez com que ambos retirassem os olhos de mim e os direcionassem para a claridade, assustados, se encolheram e sumiram como se fossem algum tipo de projeção. Quando pisco os olhos tentando entender o que se passou, percebo que todos os passageiros do ônibus me olham de uma forma preocupada. O cobrador me fita, não sabendo se vai até onde estou ou se continua no mesmo lugar.

      Sem pensar duas vezes, endireito a postura apressada e com as mãos trêmulas, então levanto em um pulo. Desço os dois degraus que me separam do corredor, me seguro no apoio de uma cadeira e começo a bater com os dedos nervosos. Olho para o chão ainda pasma com o que ocorreu, aperto o botão para descer na próxima parada pouco me importando em qual seria, pois a única coisa que queria é sair dali o mais rápido possível.

     Quando alcanço o chão consigo ouvir a voz de minha avó soando na cabeça, lembrando-me do que a pouco estava perguntando: “Não posso explicar, tenho pouco tempo, só para lhe avisar para tomar cuidado aonde quer que vá, minha querida. Lembre-se do que lhe ensinei”. Será isso o que tanto queria dizer? Para tomar cuidado com as minhas alucinações? Que elas estão piorando a cada dia que passa?

      Chego ao colégio, mas só entro no segundo período por ter descido duas paradas antes. Fico pensando, sentada no saguão principal junto com mais um monte de adolescentes. O tempo todo fico olhando para minhas mãos pousadas sobre o colo, conseguindo me lembrar de cada detalhe do sonho que tive. Tantas perguntas sem resposta, mas o que mais me intriga é o fato de sentir lá dentro de que isso é somente o começo. Sem contar o fato de ter mudado fisicamente do dia pra noite, e isso me faz perguntar se ambos têm alguma relação.

      O mais estranho é que nos últimos dias minhas alucinações estão somente piorando e os pesadelos parecem mais reais. Sinto um arrepio pelo corpo como um sexto sentido dizendo que as coisas só iriam piorar daqui para frente, será isso o que vovó tanto falou sobre instinto? Coisas que sentimos e não sabemos explicar? Ou para começar a levar mais a sério as previsões que sinto quando minha mancha gela? Então percebo alguém falando comigo, com isso levanto a cabeça e enxergo Gustavo.

     – Desculpa Gustavo, o que disse?

     – O sinal já tocou Luna, está na hora de subir. – Diz com a voz arranhada devido aos anos que fumou, mas não consigo me sentir desconfortável perto de Gustavo quando o seu sorriso levemente amarelo se expande no rosto.

      Ele deve ter aproximadamente cinquenta anos, é de estatura baixa e pele morena. As rugas nos cantos dos olhos só o deixam ainda mais simpático, e o cabelo preto tingido em algumas partes de branco lhe dá um aspecto sábio, mas ele faz o possível para não mostrar a idade que tem quando se mantêm uma conversa casual. Hoje veste uma camisa social branca com listras vermelhas, por cima um suéter vermelho escuro de lã fina, calças jeans simples e sapatos sociais marrons escuros.

      Olho para os lados e percebo que não há mais ninguém no saguão.

     – Eu não ouvi, desculpa.

     – Tudo bem, mas suba logo antes que perca mais esse período.

      Concordo com um aceno de cabeça, colocando a bolsa no ombro e me dirigindo para as escadas. Quando estou no último degrau ouço passos vindos logo atrás, mas antes mesmo de ouvir sua inconfundível voz rouca já havia sentido minha mancha gelar.

      – Chegando atrasada novamente, que bonito.

     Viro-me sem pressa alguma para Duncan que sorri malicioso e vejo que hoje veste uma calça jeans escura, uma camisa branca e por cima a mesma jaqueta de couro preta.

     – E você o que está fazendo no corredor? – Rebato.

     Duncan sorri enquanto se aproxima mais e para em minha frente.

     – Digamos que o diretor Augusto não vai muito com a minha cara. – Responde enquanto concordo com um aceno de cabeça, sabendo que a aparência de bad boy dele fala mais alto do que esperar para conhecê-lo. – Está melhor?

     – Sim, só foi um mal-estar. Acho que comi alguma coisa que não me fez bem. – Respondo, mas logo lembro sobre o que aconteceu ontem e não consigo me segurar e nem pensar duas vezes. – Ouvi você conversando com mamãe ontem lá em casa.

      O vejo me observar cauteloso, mas sem mostrar desconforto.

     – Eu sei. Você caiu no chão tremendo como se estivesse tendo uma convulsão. – Rebate e se aproxima um pouco, como se quisesse enfatizar algo. – Acho melhor você ir ao médico, ou já foi?

     – Por que disse que preciso de você? – Pergunto subitamente, não querendo me deixar levar para outro assunto e ignorando completamente o que havia dito.

     – Não disse isso.

     – Disse sim. Por que preciso de você? – Pergunto novamente e cruzo os braços sobre o peito para prosseguir firme.

     O vejo sorrir de leve e abaixar a cabeça para tentar escondê-lo.

     – Acho que você está imaginando coisas, Luna. – Rebate e sorri sarcástico. – Você bateu a cabeça no chão, não se esqueça disso.

     Aproximo-me dele em um passo e olho para cima com firmeza.

     – Escuta aqui. – Digo apontando levemente o dedo para ele. – Eu sei muito bem o que vi. Sei que você está escondendo alguma coisa. Ainda mais depois de ver... De ver uma luz sair de você. – Sinto as palavras trancarem em minha boca, como se não tivesse nenhum sentido pronunciá-las. – E que incrivelmente fez minhas dores sumirem.

     Ele ri levemente.

     – Uma luz saindo de mim? Mesmo?

     – Não finja que não sabe do que estou falando!

     – Tudo bem Luna, achei que não havia ficado nenhuma sequela grave da sua queda, mas estou começando a mudar de ideia.

     Resmungo irritada.

     – Escuta, sei que você não é o que parece ser e sei que esconde algo relacionado a mim, o que é? Não sei, mas pode anotar: irei descobrir.

     Viro as costas e entro na sala rezando que ele não venha atrás de mim gritando “louca” para que todo o colégio descubra meus problemas, mas vovó havia dito para confiar nos meus instintos. Então, é o que estou começando a fazer a partir de agora.

 

Quando a aula terminou liguei para mamãe para avisar que iria ao cemitério antes de ir para o serviço, e sem nenhuma outra pergunta sobre o assunto desliguei o telefone enquanto me encaminhava até lá. Não demorou e já estava cortando caminho por entre as fileiras de lápides, encontro a de vovó rapidamente e me sento em sua frente.

      – Oi vovó. – Digo enquanto leio seu nome. – Sei que disse que viria mais vezes, mas andam acontecendo tantas coisas nos últimos dias. – Olho rapidamente para a rosa branca que havia pegado da outra vez, completamente murcha e seca agora. – Desculpa não ter aparecido com nenhuma flor desta vez, mas acabei vindo aqui direto do colégio e não ficarei muito tempo.

     Espero em silêncio como se ela realmente fosse me responder.

     – Sonhei com você na noite passada. – Digo e faço uma pequena pausa antes de prosseguir. – O que quis dizer com o fato de me lembrar do que me ensinou? Já faz tanto tempo. – Encaro a grama perto de meus pés e começo a arrancá-la aos pedaços. – Você sabe que bloqueei essas lembranças, porque acha que mamãe começou a me levar no psicólogo? Por que não conseguia lidar com sua ausência e com as coisas que me dizia.

     De repente sinto minha mancha de nascença queimar sobre a pele, e logo em seguida todas as lembranças voltarem em meu cérebro como um massacre de imagens. Jogo meu corpo para frente e encosto a testa na grama sentindo uma dor latejante bater de encontro ao meu crânio. Solto um grunhido de dor e me seguro para não gritar. Vejo-as vindo tão rápido que chego a pensar que elas vão se mesclar e não mostrar nenhum sentindo, mas consigo vê-las claramente. Mas quando acho que não irão parar, simplesmente somem e respiro fundo, tentando me lembrar de tudo por mais que tenha receio que a dor volte.

     – Meu Deus, o que foi isso? – Pergunto mais para mim mesma e noto que a sensação de queimação sobre a mancha de lua crescente sumiu, mas isso não faz com que não abaixe a blusa. Quando olho, percebo que um tom avermelhado está na volta da mancha branca como uma espécie de queimadura.

     Levanto o rosto e olho para a lápide sentindo que Valentina está realmente ali perto de mim. Agarro-me a essa ideia conforme as coisas que me ensinou veem em mente, como imagens claras.

     Consigo ouvir sua voz na minha cabeça dizendo: Não precisa ter medo Luna, eles não vão lhe fazer mal. Enquanto me vejo pequena na cama agarrada ao meu leão branco de pelúcia. Mas vovozinha eles são tão assustadores. Valentina sorri terna e passa as mãos em meus cabelos. Eles só podem lhe fazer mal se tiver medo deles, se não, eles ficam bem longe. Então me vejo fungar e secar as lágrimas com as mãos pequenas. O que eles são vovó? Ela se aproxima mais para segurar minha mão. São pessoas que já partiram há algum tempo, minha querida.

     Olho para a lápide.

    – Espíritos existem, não é verdade? – Pergunto. – Você sempre me disse isso por mais que não conseguisse realmente entender. Você sempre falou que existe vida após esta. – Confirmo com a cabeça como se estivesse falando comigo mesma. – Você dizia que tudo o que via não era mentira. Você dizia que tinha um dom especial e que um dia iria entender isso. – Começo a tremer conforme tudo se encaixa na minha cabeça. – Você partiu antes de me explicar o que eu sou! O que eu vejo! O que essa mancha significa. – Grito para a lápide sentindo minha garganta apertar. – Como vou saber o que está acontecendo comigo? Como vou ter certeza que o que eu vejo são espíritos? Como vou ter certeza que não podem me fazer mal? – As lágrimas escorrem por meu rosto enquanto soluço. – Como você me explica tudo isso?

     Quando percebo não consigo mais falar e simplesmente me abraço tentando me conformar de alguma maneira, mas sem realmente conseguir.

     – O que eu sou? – Pergunto para mim mesma e sentindo um desespero crescer dentro do peito. Sinto como se tivesse descoberto tudo, mas ao mesmo tempo nada. É como se suprisse um mistério, mas no fundo aparecesse outro no lugar muito mais complicado de se desvendar. – Queria que estivesse aqui. – Finalmente admito. – Sei que se estivesse aqui tudo isso seria esclarecido. Sei que me diria quem sou.

     De repente percebo que quem havia me mandado para o psicólogo foi Milena e ela sempre dissera para não acreditar nas coisas que vovó falava. Então uma cena aparece em minha mente e vejo vovó sentada em uma cadeira comigo em seu colo, deveria ter oito anos, ela me mostra um livro muito antigo de couro. Ela aponta com o dedo para as imagens e vejo um dragão enorme com a boca aberta com nuvens de tempestades no fundo.

     Está vendo esse dragão Luna? Olho para ele com extrema atenção. Sim, vovó, ele me dá medo. Ela ri perto de minha orelha. Não há porque ter medo porque ele é um protetor. Olho-a com interesse. O que é um protetor, vovó? Ela me ajeita em seu colo para que pudesse vê-la de frente. Um protetor é aquele que protege alguém de algo que possa machucá-lo. Neste caso, uma pessoa que tiver um dragão desses, terá um guardião. Olho-a com o cenho franzido, não entendendo o que ela estava dizendo. O dia que você ver uma pessoa com um dragão desses saberá que é o guardião de alguém, mas vai demorar ainda. Olho novamente para o livro e depois para ela. Porque irá demorar vovó? Ela sorri terna. Porque você é muito novinha para ter um guardião, mas não se preocupe, ele virá até você. Então de repente mamãe entra na sala e vê vovó com o livro sobre a mesa. O que você está fazendo? Valentina fecha o livro. Estou fazendo o que você deveria ter feito. Milena anda até nós e tenta pegar o livro de vovó. Dê-me esse livro agora mesmo, mãe. Valentina simplesmente olha para mim. Luna o que acha de ir para o seu quarto brincar um pouco? Observo-me olhar para elas e me esconder nas escadas. Falei para parar de mostrar essas coisas para minha filha! Vovó responde calma. Era você quem deveria fazer isso, dizer a ela o que é, e não escondê-la do mundo. Milena pragueja. Estou fazendo isso para o bem dela, mãe. Valentina se move na cadeira. Você só está adiando o inevitável. Quando ela completar dezoito anos não há nada que possa fazer. Mamãe suspira. Quando esse dia chegar, irei saber o que fazer.

     Volto para a realidade lembrando que vovó havia dito que aquele livro um dia seria meu, então começo a me perguntar aonde ela poderia tê-lo guardado. Se o encontrar conseguirei entender o que está acontecendo comigo, mas antes de realmente começar a tentar desvendar a onde ele poderia estar, começo a me levantar do chão. Limpo a terra da roupa e olho para a lápide uma última vez.

     – Obrigada vovó. – Então me viro para ir embora sabendo que preciso chegar o quanto antes na floricultura, pois mamãe sempre teve todas as respostas, sempre soube o que sou e o que vejo, e nunca mencionou nada comigo. Por que ela me esconde a verdade? Começo a sentir um alívio me tomar e ao mesmo tempo desespero, pois estou prestes a saber toda a verdade, mas sinto que não vai ser pela boca de minha mãe que irei descobrir.

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Prólogo - Despertar da Magia

Acordo assustada, suando frio e tremendo. Levanto-me e corro para a janela do quarto, o chão de madeira range debaixo de meus passos pesados...

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Blog criado e administrado por Verônica F. Hörnne

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